BRUXISMO INFANTIL, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
BRUXISMO INFANTIL, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
O Bruxismo é um problema que afeta muita gente e isso não exclui as crianças. O hábito de ranger os dentes involuntariamente é também bem comum entre os pequenos e por isso é importante agir para evitar que o problema prejudique o correto desenvolvimento da face e oclusão dos mais novos.
O bruxismo infantil envolve o ato da criança ranger e apertar os dentes, além de outros movimentos parafuncionais da boca e mandíbula, como ficar “abraçando” os dentes com a língua, mordiscar as bochechas ou lábios ou projetar a mandíbula. Se não tratado adequadamente, pode causar problemas como desgastes ou fraturas nos dentes, dificuldades de mastigação e alterações na formação das estruturas da boca e mandíbula.
As causas do bruxismo são de origem em sistema nervoso central. Sendo assim, é errado associar o bruxismo com a troca dos dentes-de-leite ou com a presença de vermes ou parasitas intestinais . O bruxismo pode ser sinal de que algo não está bem e precisa ser investigado na criança.
Como fatores de risco, podemos citar: distúrbios do sono, problemas respiratórios (como as obstruções das vias aéreas), refluxo gástrico, condições neurológicas que causam distúrbios de movimento – distonias oromandibulares, paralisia cerebral, epilepsia, doenças neuromusculares e as neurodegenerativas, por exemplo – alguns medicamentos, estresse, ansiedade, transtorno de déficit de atenção (TDAH), entre outros. Estudos sugerem que, se um dos pais apresenta bruxismo, as chances de a criança também manifestá-lo são maiores.
Como no adulto o bruxismo infantil pode ser diurno (BRUXISMO DE VIRGILIA) ou noturno (BRUXISMO DO SONO).
O bruxismo de vigília (diurno) acontece quando a pessoa está desperto e é mais associado à ansiedade, estresse, alguns medicamentos ou condições de saúde. O bruxismo do sono (noturno) é um distúrbio associado ao movimento do sono e é associado à baixa qualidade do mesmo. Pode estar relacionado ao uso de medicamentos, obstruções de vias aéreas, refluxo gástrico ou condições de saúde.
O bruxismo também pode ser transitório durante o uso de algumas medicações, como grupos de antidepressivos, antipsicóticos, quimioterápicos e certas condições de saúde, como nos episódios de febre em infecções agudas ou em crises convulsivas. Da mesma forma, esse tipo de bruxismo também deve ser monitorado e discutido com os demais profissionais que acompanham a criança.
Os pais, ou cuidadores, devem ficar atentos para os sinais clínicos da presença do bruxismo em seus filhos. As crianças podem se queixar de cefaleia, dor na face e músculos mastigatórios e apresentar disfunção temporomandibular. Os pais ou pessoas próximas podem perceber o som do ranger de dentes, presença de marcas de dentes na região interna da bochecha ou nas bordas da língua, apertamento dos dentes, desgaste das superfícies dentárias, movimentos parafuncionais de lábios/língua/bochechas e mandíbula, entre outros.
O diagnóstico diferencial é realizado em consulta presencial a partir de uma anamnese bem detalhada com história e exame clínico da criança. Consideramos também as situações clínicas que se associam com o tipo de bruxismo apresentado. Os pais ou cuidadores, geralmente, relatam ter notado a presença de “bruxismo” pelo som do ranger de dentes.
O tratamento para controle do bruxismo é individual e varia de acordo com a causa e o diagnóstico. Para os casos de bruxismo de vigília, no geral, é o aconselhamento e terapia cognitivo-comportamental para evitar os fatores desencadeantes, como hábitos de apertar os dentes, mascar chicletes, controle de ansiedade e estresse. No bruxismo do sono podemos aplicar a terapia cognitivo-comportamental, além de adotar práticas da higiene do sono – horário regrado e adequado ao dormir, quarto com ambiente adequado e arejado, evitar atividades físicas ou estimulantes antes de dormir, evitar refeições muito próximas ao horário de dormir etc.
Existem casos em que a criança necessita de atendimento e acompanhamento multidisciplinar pelas especialidades odontológicas de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, odontopediatria, neurologista, psiquiatra, otorrinolaringologista, psicólogo, nutricionista e fonoaudiólogo. Alguns exemplos desses casos são crianças com paralisia cerebral ou apneia do sono.
Para o sucesso do tratamento, é essencial identificar os problemas que conduzem a criança a realizar o apertamento ou ranger os dentes. Quando desencadeada por alterações sistêmicas, a doença de base ou comorbidade deve ser tratada, pois, nestes casos, o bruxismo está sinalizando que algo não está bem na criança e “silenciar” o bruxismo, não estará tratando a causa.
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Este conteúdo é meramente informativo e educativo, sendo destinado para o público em geral. Ele não substitui a consulta e o aconselhamento com o cirurgião dentista especialista em Disfunção temporomandibular e Dor Orofacial e não deve ser utilizado para autodiagnóstico ou automedicação. Se você tiver algum problema de saúde ou dúvidas a respeito, consulte um cirugiao dentista ou um medico. Somente eles estão habilitados fazer o diagnóstico, a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso e acompanhar a evolução do quadro de saúde do paciente